15.4.19

Cegos e banguelas

 Der Trinker



Cegos e banguelas


Em um reino distante
Haviam somente cegos e banguelas.
O rei soberano, possuía dois dentes,
Dois dentes e dez por cento da visão,
Dez por cento e somente no olho esquerdo.

Todos haviam cobrado por tudo.
Desde uma moeda, até mesmo uma morte.
Olho por olho e dente por dente.
No final das contas, todos ficaram à míngua.
Sorte a do rei, que era miserável demais para ser cobrado.
Henrique Sanvas

A bocarra

 "Dante Alighieri"



A bocarra


Me coloco na frente do espelho
E olho nos meus olhos.
As pupilas retraindo com a luz,
E nem mesmo eu as entendo.

Me elevo a décima potência,
Assim, eu encaro o mundo.
Eu não quero ser engolido
A bocarra da vida engole a todos...

Mas, no fundo, eu sei que cada um sabe de si.
Mais de sete bilhões de mundos.
Mesmo que o sol seja para todos
Cada um vê ele num lugar diferente.

Não procuro olhar para ninguém
Se não, para mim mesmo.
Pouco me importa, se chamam de apatia.
Só não quero ser engolido pela vida.
Henrique Sanvas

Abrigo

 Gustave Courbet, the happy lovers 1844



Abrigo


Pessoas difamando de norte a sul.
Pessoas praguejando de leste a oeste.
Palavras como numa tempestade de raios
E eu sou o para raio.

Pessoas difamando-me em meus ouvidos.
Pessoas praguejando em meus ouvidos.
Palavras como numa rajada de ventos
E eu sou onde os ventos se encontram.

De qualquer maneira, eu prefiro assim,
Que tudo venha até mim.
E que em meio a tempestade de raios e ventanias,
Que eu seja um abrigo.
Henrique Sanvas

Flores

 by Anna Menshikova



Flores


O homem semeia o ódio,
Assim como uma abelha semeia flores.

Se o assunto fosse amor,
O homem o guardaria
E daria somente para quem achasse merecedor.
Provavelmente, de forma racionada.

Já o ódio é livre...
Odeia-se qualquer um de qualquer forma.
Eu odeio os motoristas de carros com altos falantes.
De forma profissional, nada pessoal.

Eu mesmo semeei flores hoje
E não me lembro de ter amado ninguém.
Henrique Sanvas

Chuva a cântaros




Chuva a cântaros


O que você quer que eu diga?
O que eu diria de diferente?
As mesmas frases novamente,
Somos tão insistentes.

Você cai sobre mim,
Tal como uma chuva a cântaros
E eu busco qualquer abrigo ..
Ainda, que o seu cântaro transborde.

Sempre agradeci pela chuva que cai,
Mas, nem tudo se deve molhar.
Deixe-me abrigar na minha caverna,
Até a chuva cessar.
Henrique Sanvas

PÁSSAROS

  PÁSSAROS      Os pássaros estão inquietos no céu e isso sempre me preocupa, costumo pensar que eles sempre sabem um pouco mais do que a ge...